Vol. 5 Núm. 2 (2019)
Artículos

O que é a estratégia? Uma apresentação crítica a partir da escola estratégica portuguesa. DOI: http://dx.doi.org/10.18847/1.10.2

António Horta Fernandes
Universidade Nova de Lisboa, Portugal
Biografía
Publicado diciembre 2, 2019
Palabras clave
  • Estratégia,
  • Guerra,
  • Estratégia militar,
  • Escola estratégica portuguesa,
  • Ética

Resumen

Os estudos estratégicos, ou simplesmente a estratégia, na denominação clássica continental, têm sido alvo de um renovado interesse, mormente nos meios académicos. Assiste-se na península ibérica ao emergir de uma escola espanhola, a par da consolidação da escola estratégica portuguesa, a decadência da preponderância exercida pela escola francesa, tendo como contrapartida o reforço das escolas anglo-americanas. O presente artigo procura apresentar uma renovada perspectiva da estratégia, em torno da teoria geral da estratégia, formulada a partir da escola estratégica portuguesa, da qual, no mesmo passo, faz uma sucinta apresentação. Nesse sentido, em primeiro lugar traça-se uma panorâmica das linhas-mestras que pautam a escola estratégica portuguesa, em particular aquelas estabelecidas pelo seu refundador, o general Abel Cabral Couto. Com base nessa leitura, que serve de chave crítica, abordam-se algumas definições de estratégia relevantes, oriundas do meio anglo-saxónico, que manifestam um franco reducionismo, porque assentes na predominância do vector militar, sem razão histórica, ôntica e epistemológica que o justifique. A crítica desse quadro conceptual, vai permitindo apresentar, por contraponto, o quadro conceptual continental que reproduz o melhor que se tem feito no âmbito dos estudos estratégicos em respostas às alterações históricas pós-Segunda Guerra Mundial, as quais obrigaram a desenvolver modalidades de confrontação bélica e de gestão estratégica da violência distintas da militar, mas detendo a mesma legitimidade, em pé de igualdade com o vector militar. Por fim, apresentamos uma proposta sintética do que é a estratégia e qual o seu enquadramento, ainda a partir das reflexões acontecidas na escola estratégica portuguesa. No caso das reflexões acontecidas na escola estratégica portuguesa, são de relevar os avanços produzidos por Francisco Abreu na tentativa de transposição para a rivalidade inter-empresarial da matriz da estratégia; a visão inovadora de António Paulo Duarte acerca do significado de guerra absoluta, implicando uma nova exegese de Clausewitz, que terá sido uma première mondiale, além de uma revalorização do próprio conceito de guerra enquanto génese positiva de novos estados de vida; e ainda a defesa da estratégia como ética do conflito, prudência para além de toda a prudência com o objectivo final de encurralar a guerra, por parte de António Horta Fernandes. Todos estes avanços, entre outros, têm colocado a escola estratégica portuguesa na vanguarda dos estudos estratégicos, pelo menos no que concerne aos fundamentos teóricos do campo disciplinar.